FESTin exibe documentário “Yetu – A Nossa Música” sobre música de Angolana


O filme que registou o trabalho do projeto de documentação da música angolana “Yetu – A Nossa Música”, de Ulika Franco, vai ser exibido no sábado, em Lisboa, no âmbito do FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa.

Festin

Ulika da Paixão Franco explicou à agência Lusa que será “uma oportunidade rara” de a comunidade angolana em Lisboa e de os espectadores portugueses verem a concretização do projeto, uma vez que pertence a uma coleção privada, do Banco de Desenvolvimento de Angola, que financiou a iniciativa.

“Yetu – A Nossa Música”, composto por um filme, um triplo CD e um catálogo, é o resultado de um trabalho de pesquisa de vários anos e concluído em setembro, de uma equipa luso-angolana com o objetivo de documentar a música de Angola registada no século XX.

Em 2013, quando o projeto já estava em curso, Ulika da Paixão Franco explicou à agência Lusa que a intenção era mostrar “a riqueza muito particular” da música angolana, que “influenciou muito a música do Brasil e a música portuguesa, ao nível do fado”.

Foi no âmbito dessas pesquisas, que incluíram entrevistas a músicos e especialistas, que a equipa descobriu aquela que é considerada a primeira gravação de uma música urbana angolana, interpretada por angolanos, intitulada “Madya Kandimba”, e feita nos anos 1940, uma década antes do que se supunha.

“Esta coleção conseguiu sobretudo honrar os músicos, deu-lhes atenção, por não terem muitos apoios públicos”, explicou Ulika da Paixão Franco.

Entre os entrevistados para este projeto estão, por exemplo, Nástio Mosquito, Eduardo Nascimento, Aline Frazão, os portugueses Paulo de Carvalho e Manuel Freire, Francisco Vasconcelos, da Valentim de Carvalho, e há referências a nomes da música angolana conhecidos em Portugal, como Bana e André Mingas.

O documentário não tem pretensões de maior, sustenta Ulika da Paixão Franco, a produtora do projeto: “É um registo de um processo de trabalho, com entrevistas, imagens de arquivo e fotografias sobre o tema”.

A responsável elogia a iniciativa do Banco de Desenvolvimento de Angola por ter avançdo com financiamento, mas recorda que o projeto é agora uma coleção privada. “A única fragilidade é que não está acessível para o grande público”.

“Mas é um passo importante para que entidades privadas apostem mais no financiamento da cultura em Angola, para que dependa menos do Estado. É importante que se faça este trabalho de preservação da cultura”, disse.

O filme do projeto de documentação “Yetu – A Nossa Música” será exibido no sábado no Cinema São Jorge, no âmbito do sexto FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, que decorre até ao dia 15.

No total, o festival exibe cerca de 90 filmes do espaço lusófono, em particular de Portugal e do Brasil.

A abertura deu-se com a estreia mundial de “O vendedor de passados”, de Lula Buarque da Hollanda, a partir do romance homónimo de José Eduardo Agualusa.


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