O cancro da mama em Angola continua a liderar entre os casos desta doença no país, que está a crescer e a agravar a mortalidade por falta de assistência atempada, segundo dados hospitalares.
A informação foi avançada à Lusa pela responsável de consultas externas do Instituto Nacional de Oncologia de Angola, Albertina Manaças, por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinala hoje.
Albertina Manaças disse que diariamente acorrem àquela instituição, ainda a única do género no país, uma média de 150 pacientes, dos quais pelo menos seis são diagnosticados com cancro.
Segundo a responsável, o número representa uma subida acentuada do número de casos nos últimos dois anos, sobretudo cancro da mama, do colo do útero e da próstata.
“Se, anteriormente, nós tínhamos um caso por dia de cancro, agora não, agora estamos a ter seis, em média, é só para ver que o número vai aumentado dia após dia”, reforçou a médica.
Relativamente aos óbitos, Albertina Manaças admitiu que é acentuado o número de pacientes que morrem, na sua maioria por chegada tardia ao hospital.
“É difícil avançar número, porque estamos ainda a terminar a nossa estatística do ano passado, mas a maior parte dos pacientes chega à instituição numa fase tardia, ora porque ainda procurou outras modalidades de tratamento, ainda fez tratamento tradicional, e só depois recorrem ao instituto. Quando chegam muitas das vezes nós já não temos muito a oferecer em relação ao tratamento de cura”, frisou.
Apesar de recorrem ao hospital pacientes de todo o país, a instituição tem garantido assistência a todos que à ela recorrem, garantiu Albertina Manaças.
De acordo com aquela especialista, o hospital oferece já as modalidades básicas de tratamento do cancro – cirurgia, radioterapia, quimioterapia e hormonal – o que fez diminuir também significativamente o envio de pacientes para o exterior.
“Lógico que cada vez mais precisamos de pessoal mais qualificado, mas, na medida do possível, estamos a atender toda a demanda”, referiu.
Acrescentou que além do cancro da mama, do colo do útero e da próstata também se verificam já casos de sarcoma de kaposi, um tumor da pele, diagnosticado principalmente em pacientes albinos, cuja prevalência também começa a crescer.
A médica congratulou-se com o facto de nos últimos anos, “apesar de ser ainda de uma forma tímida, cada vez mais pessoas procurarem aquela instituição, fruto das campanhas de sensibilização promovidas pelo instituto.
Este ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu o tema” “Nós podemos. Eu posso” para a celebração da data, para continuar a promover a sensibilização e aumentar os esforços coletivos e individuais para a prevenção e luta contra o cancro.
Na sua mensagem alusiva à data, a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, disse que o aumento do número de casos de cancro é conhecido como um problema preocupante de saúde pública no continente africano, onde em 2008 ocorreram cerca de 751 mil novos casos e 542 óbitos, números que deverão duplicar nos próximos 20 anos.
Matshidiso Moeti apelou aos Governos africanos a intensificarem a sua resposta ao cancro e melhorarem a qualidade de vida e as taxas de sobrevivência do cancro.
AR/Lusa