Nas mais distintas artérias da cidade capital e não só, é notória a prática constante de pedido de esmolas por parte de crianças e adolescentes de rua. Algumas pessoas sensibilizadas dão o que podem e as vezes o que não podem para aqueles que aparentam estar mais carenciadas, mas ainda assim em volta disto tudo instala-se a dúvida de “qual a razão para muitos que mesmo tendo possibilidade, não ajudarem quem esteja na condição de pedinte”. O AngoRussia foi a rua em busca de uma justificação e as repostas foram surpreendentes.
Num inquérito realizado a 20 pessoas de diferentes idades, na zona do Projecto Nova Vida, onde diariamente se verifica a prática em questão, a equipa do AngoRussia tomou nota que as vezes não é de má fé que muitas pessoas deixam de ajudar com valores monetários quem esteja a precisar de um gesto de solidariedade, mas sim por experiências negativas que já viveram outrora ou por considerar que a sua ajuda poderá não atingir o fim que a prior se idealiza.
“Eu tinha o hábito de ajudar as pessoas que me pediam dinheiro na rua, até um dia ter sido assaltada por uma delas. Uma das vezes decidi dar 200 kwanzas a um jovem, que supostamente seriam para comprar pão, e o mesmo puxou-me a carteira e fugiu. Desde então recuso a ajudar por medo que esta experiência se repita”, disse a jovem Nádia Kapemba.
Já a senhora Paula Custódio conta outra experiência também negativa. “A maioria destes meninos que ficam aqui a pedir dinheiro não usam o mesmo para comer ou comprar água como dizem, compram bebidas alcoólicas, cigarros e outras coisas que só lhes prejudicam. Já ajudei aqui mesmo pessoas que no momento pareciam estar com fome mais que minutos depois estavam a beber na esquina”.