A música é muito mais do que só ouvir ou dançar. Além de ser uma manifestação cultural, é algo que transcende o carácter lúdico, ganha conotações e importantes papéis sociais e até mesmo políticos e, para o púnblico angolano Bruno M entendeu com perfeição essa definição durante a construção da sua sólida carreira, tida como exemplo por muitos artistas.
Além de representar práticas sociais, a linguagem usada por Bruno M nas letras de suas canções foi apontada como capaz de criar, influenciar ou modificar a realidade social vivida em algumas artérias da cidade capital e não só, podendo ainda estabelecer, minimizar ou reforçar diferenças entre as pessoas.
O Kuduro antes de Bruno M
Infelizmente houve uma época, antes da estreia de Bruno M, em que o Kuduro foi conotado como um estilo cujas letras eram recheadas de ostentação, vulgaridade e violência. De acordo o público entrevistado pelo AngoRussia, representado por pessoas de diferentes idades e estratos sociais, boa parte das músicas desta fase não lançavam um olhar crítico a sociedade. Pelo contrário, desvalorizavam a mulher, incentivam a violência e criavam um processo de comercialização de atitudes, ideias e comportamentos negativos.
A Revolução: Ele transformou o estilo
As músicas de Bruno M por sua vez, foram apontadas como as que moveram multidões, questionaram a sociedade e a realidade social. Foram tão importantes que se tornaram verdadeiros registros históricos ao gerarem uma revolução cultural e promoverem mudanças nas gerações seguintes de kuduristas que passaram a ser mais cuidadosos com o conteúdo de suas canções, e investiram na produção cultural verdadeira e não só na diversão pública. Deste modo, o artista fez com que o kuduro fosse também portador de tradições e não um mero conjunto de palavras inúteis.
Com isso, os entrevistados afirmaram que apesar de ter interrompido a sua carreira musical muito cedo, o legado de Bruno M jamais será esquecido, pois, “o Kuduro seguiu de nível graças ao artista”.