Injeção de divisas quadruplica numa semana e chega aos 296,8 milhões de dólares


A injeção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) quase quadruplicou na última semana, para 296,8 milhões de dólares (265,7 milhões de euros), com as vendas a continuarem apenas em moeda europeia.

dolar e euro

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 23 a 27 de maio, e contrasta com os 69,2 milhões de euros da semana anterior.

De acordo com o documento, consultado hoje pela Lusa, das divisas disponibilizadas na última semana aos bancos comerciais, 100,5 milhões de euros foram para a cobertura de necessidades dos ministérios das Pescas, Agricultura, Indústria e Transporte.

Acrescem 35,8 milhões de euros em leilão de preço para cobertura de necessidades das empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero e 44,8 milhões de euros para garantir responsabilidades externas do banco estatal BPC.

Há ainda registo de 36,1 milhões de euros em divisas disponibilizados para cobertura de operações diversas e 17,9 milhões de euros para cobertura de operações de natureza particular, “relacionadas com ajuda familiar, viagens, saúde, educação e remessas de dinheiro”. Outros 17,9 milhões de euros serviram para pagamentos de cartões de crédito/débito de marca internacional, nove milhões de euros “para cobertura das necessidades de salários de não residentes” e 3,5 milhões de euros para pagamento de bolseiros no exterior do país.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada nos 166,709 kwanzas por cada dólar e de 186,263 kwanzas por cada euro.

Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar está a ser transacionada à volta dos 600 kwanzas, quase quatro vezes mais do que a taxa oficial, renovando máximos praticamente todas as semanas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas, em função da procura, dificulta, por exemplo, a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, agendada para o período entre 01 e 14 de junho.

O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

Lusa


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