Victor Hugo Mendes, um nome sonante do jornalismo angolano, que já integrou redacções de diversos órgãos de comunicação social no país, falou recentemente em conversa com o AngoRussia sobre o seu parecer em relação ao estado actual do jornalismo em Angola.
O jornalista e escritor, que está actualmente a residir em Portugal, onde apresenta na RTP África o programa “Tem a Palavra”, começou por explicar que foi para o país europeu por questões pessoais, mas que surgiu a oportunidade de exercer o jornalismo e aproveitou, tendo além da participação no programa criado a “Rádio Victor” online.
“Vim cá fora não foi tanto para fazer o que estou a fazer. Eu tinha o meu trabalho aí e estava de certo modo muito bem. Vim foi mais por questões pessoas e tratar uns documentos, e uma coisa acabou por puxar a outra é estou muito satisfeito”, disse.
Questionado sobre as principais diferenças no exercício da profissão fora e dentro de Angola, Victor considerou que as diferenças surgem das políticas aplicadas em cada nação.
“Jornalismo é jornalismo em qualquer parte do mundo. A única diferença é que em Angola, por vontade ou falta de vontade política que muito interfere no trabalho de quase toda gente, o que se faz em Angola é o pior que pode ou podia esperar de um país que se diz democrático”.
Para o escritor, o jornalismo, bom ou mau, é sempre um reflexo da maturidade política e das democracias das Nações.
“Nós estamos muitos mal e cada vez pior em todos os sentidos. Não há competência nenhuma que vença a falta de liberdade”.
Como jornalista, Victor Hugo, garante que se pudesse mudaria tudo na forma como o jornalismo é feito no país, pois para si o exercício da profissão é uma missão, uma forma de servir.
“Eu mudava tudo na forma de fazer jornalismo. Tudo, tudo, tudo. As vezes sinto vergonha ao ver o que se faz ou o que muitos fazem do jornalismo. Jornalismo é servir, é uma missão, é uma ponte para o mundo da educação e a estrada que mostra o desenvolvimento de cada país”.
No final da conversa, o jornalista explicou que no jornalismo não se deve inventar, pois lida-se com factos, e teceu críticas aos profissionais que ainda exercem sem zelo e verdade a profissão.
“Jornalismo lida com factos e não pode nem deve-se inventar. Em Angola muitos jornalistas conseguem mentir, fazem de um não assunto facto. Não é o dono da verdade nem faz justiça, Jornalismo não é uma parte, não devia ser nunca pelo que me interessa. Há muitos jornalistas que se vão arrepender profundamente pelo fizeram ou deixaram de fazer em nome dos seus interesses. Quando o jornalismo e a justiça entram em descrédito estamos perto do colapso”, concluiu.
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