Em declarações ao AngoRussia, a actriz angolana que está acostumada a representar personagens da alta sociedade, falou da experiência de estar nas vestes de dona Chica, na telenovela “O Rio”. Dicla Burity contou como tem sido a preparação para dar o melhor de si nesse novo desafio.
Estando há mais de dez anos sem fazer novelas, Dicla revela que após ter voltado ao teatro com a peça Loucas por PSM, o ano passado, o que já a deixou feliz, muita gente passou a pedir que voltasse a ficção. Com o novo projecto prestes a estrear, a actriz que fez sucesso com a personagem Celina em “Reviravolta”, conta como está ser a experiência de da “voltar as telas” e dar vida a dona “Chica”, uma senhora do sul do país que vive no musseque e trabalha na massão de Monifa como empregada doméstica.
“Poder voltar a ficção, a energia das novelas é uma coisa que está a ser incrível, para além do facto de estar a representar uma personagem muito diferente de tudo que eu já fiz na vida, praticamente o oposto de tudo que eu já fiz. Uma senhora do sul do país, uma região que eu adoro, ela fala uma língua nacional e eu não falo, está ser desafiante, estou a aprender muitas coisas novas, o nosso mestre Raúl do Rosário que é o nosso director de actores está a nos ensinar muita coisa, aprendi um pouco sobre a Lúbia e sobre o Bié. Principalmente sobre a postura, mais sóbria, mais adulta, mais sofrida e onde tudo a minha volta é muito precário, algo muito diferente de tudo que eu estou acostumada, sempre num nível social muito elevado”, contou a actriz com alegria.
Dicla realçou que, quando soube que “Chica” é doméstica viu-se no papel das mulheres que têm sido ajudadoras em muitos lares, que de certa forma permitem que outras senhoras possam actuar em diversos sectores da sociedade, tudo porque têm alguém que cuide de sua casa.
“Quando soube que a Chica é doméstica, vi-me na perspectiva de representar as domésticas de Angola, como elas vivem, quais são os seus problemas e como elas vêem nesse trabalho uma oportunidade de mudança de vida, espero que elas sintam-se bem representadas”.
Considerando ser uma pessoa resiliente e que consegue se adaptar, Dicla aproveitou a ocasião para falar não apenas do desafio de como foi fazer o “laboratório”, mas também exteriorizou o quão feliz está por fazer parte do elenco principal.
“Eu acho que sou uma pessoa da reviravolta, o normal seria eu sempre querer ser protagonista, mas isso não vai ser porque na televisão trabalha-se com biótipos, fico muito feliz por estar no elenco principal, mas ao mesmo tempo fui desafiada a não olhar com preconceito a Chica ou qualquer outra personagem. Tive sim meu laboratório e não foi muito longe, foi com com as pessoas de casa, pessoas que me rodeiam e trabalham para que possamos estar aqui”, terminou.
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