Recentemente, o cantor angolano Anderson Mário, tornou público durante o podcast “Escangalho talks”, de Dj Man Renas, um episódio marcante da sua vida, ao revelar que viu-se obrigado a passar noites dentro do seu carro, depois de ter sofrido uma burla, na época em que venceu o concurso de imitação “Unitel Estrelas ao Palco”.
Ao longo da conversa, Anderson conta que depois de vencer o concurso mencionado acima, procurou investir os valores em um projecto mas que por maldade da pessoas, foi burlado. Diante da situação e sem um sítio para ficar, o artista disse que teve de abrigar-se por meses dentro do seu carro, e por vergonha não permitia que as pessoas abrissem o porta mala.
“Eu sou muito teimoso por natureza, gosto que as coisas dêem certo no momento errado. Tive uma queda financeira muito estupida, investi para uma cena e a pessoa me burlou, era toda economia que tinha e era pouco antes da pandemia, queria me prevenir em criar algo fixe, mas perdi tudo, e estavam a me aconselhar, ‘esse valor compra casa, compra um apartamento’ esta mesmo neste valor e ainda vai te restar alguma coisa. Ai eu agora comecei a me perguntar: ‘Se eu comprasse casa, pelo menos essa pandemia iria me encontrar na minha casa’, comecei a procurar outro refúgio passei em muitos lugares, quando assustei Deus me deu o dobro. A minha sorte é que eu tinha carro, vivi três meses no meu carro, eu não aceitava ninguém abrir o meu porta mala, porque tinha até bacia, tudo estava lá”, começou por contar.
Questionado por Man Renas sobre como fazia para tomar banho, Anderson Mário revelou que comprava garrafas de agua de 5 litros e pagava quatro mil kwanzas por duas horas em uma pensão só para o banho. O autor do hit “Vai dormir”, fez saber ainda que passava noites em algumas bombas de combustíveis, mas nunca parou de lutar para conseguir as coisas que hoje conseguiu.
“Na altura eu sentia muita vergonha, porque até hoje eu distanciei-me daquilo que era showbiz, era tipo ‘o grande Anderson Mário o Michael Jackson, acabou mal e se o carro estragar vai voltar no bairro’, orava sentado no meu carro, eu parava nas bombas mentia aos guardas que estava a apanhar sono no volante e tinha de descansar um pouco, dormia de bombas em bombas. Um dia liguei para minha mãe a avisei-a para não se assustar se não passar a mandar alguma coisa em casa, porque as coisas não iam bem, mas que quando tudo melhorasse voltarei a mandaria o dobro, minha mãe disse: ‘meu filho se abre comigo, volta para casa, eu sei que estragou alguma coisa’. Recuar às vezes é necessário, mas há recuar que não se deve, você tem que ser teimoso, insiste só para frente, mas não recua. Eu falei, não mama não dá, eu posso recuar e tudo, mas esse recuar, eu não posso recuar. Calma só, aí está forte, deixa-me continuar porque ia ter a vergonha do guetho, oh está aí voltou! Aquelas cotas que achavam que eu não merecia, porque o filho merecia mais vão falar não está aí bué de sucesso, passou rápido, eu não queria isso, e eu fui mesmo insistindo, até que eu lembro-me que comecei, a parar em estúdio, eu falei é agora, eu não vou ir mais nas bombas para dormir, vou dormir no estúdio a gravar, a minha queda foi longa por causa do sofrimento que já estava habituado e da vergonha de admitir que voltei ao sofrimento.”, contou.