Polêmica nas redes sociais no fim de semana envolvendo Elton John e (mais uma vez) a Dolce & Gabbana. Depois que Domenico Dolce e Stefano Gabbana, estilistas da grife, concederam entrevista a uma revista italiana sobre crianças nascidas em famílias não tradicionais, o cantor Elton John pediu neste domingo (15), em postagem no Instagram, a seus fãs para boicotarem a marca.
Em entrevista, os estilistas defenderam a família “tradicional” e criticaram e a adoção e a criação de filhos por pais gays. Dolce revelou que, por ser gay, sentia que não podia ter filhos “Você nasce de uma mãe e de um pai. Ou pelo menos, é assim que deveria ser. E é por isso que não acredito em crianças criadas pela química, em bebês sintéticos e em barrigas de aluguel”, disseram Dolce e Gabbana para a publicação italiana Panorama.
Elton John, que é pai de família e oficializou a sua relação com David Furnish em dezembro de 2014, se manifestou e ainda pediu boicote à marca:
“Como vocês ousam se referir aos meus lindos filhos como ‘sintéticos’? Deveriam ter vergonha por apontarem seus dedinhos moralistas à fertilização in vitro… seu pensamento arcaico está em descompasso com nosso tempo, assim como sua moda. Nunca mais voltarei a vestir Dolce e Gabbana”, disse ele usando a hashtag #BoycottDolceGabbana.
Com a hashtag #BoycottDolceGabbana, que já tem mais de 2,6 mil menções, o cantor afirmou que os estilistas estão “fora de sintonia com os tempos”.
Depois de desabafar no Instagram, Elton recebeu o apoio de personalidades como Ricky Martin, Courtney Love, Victoria Beckham e Ryan Murphy, criador de séries como “Glee” e “American Horror Story”.
Ricky Martin, que teve dois filhos através de uma mãe de aluguel em 2008, foi ao Twitter e escreveu: “Suas vozes são poderosas demais para espalharem tanto ódio. É 2015, se amem!”, mencionando o perfil da marca.
Já Ryan foi mais longe e disse que o “suas roupas são tão feias quanto o seu ódio” também usando a hashtag criada por Elton.
Já a cantora Courtney Love disse nas redes sociais que juntaria todas as roupas Dolce & Gabbana dela e colocaria fogo em tudo. “Eu quero queimá-las. Estou sem palavras e sem saber o que sentir. Boicote ao preconceito sem sentido”, escreveu Courtney.
E a fashionista Victoria Beckham preferiu mandar carinho para os amigos de longa data, Elton John e família: “Mandando o meu amor para Elton David Zachary Elijah & todas as belas crianças nascidas de fertilização in vitro”.
Dolce & Gabbana pedem desculpas
Nesta segunda-feira, a dupla se manifestou publicamente em resposta ao apelo feito pelo cantor. “Acreditamos firmemente na democracia e no princípio fundamental da liberdade de expressão em que está baseada. Nós falamos sobre a nossa maneira de ver a realidade, mas nunca foi a nossa intenção julgar as escolhas de outras pessoas. Nós acreditamos na liberdade e no amor”, afirmou Gabbana em comunicado.
“Sou siciliano e cresci em uma família tradicional composta por uma mãe, um pai e as crianças. Estou muito bem ciente do fato de que existem outros tipos de família e eles são tão legítimos quanto a que conheci. Mas, na minha experiência pessoal, a família tinha uma configuração diferente. Este é o lugar onde aprendi os valores do amor e da família. Esta é a realidade em que eu cresci, mas não significa que eu não entenda outras diferentes. Eu estava a falar sobre a minha visão pessoal, sem julgar as escolhas e decisões de outras pessoas”, disse Dolce.
Em 2006, Gabanna disse que não concordava com a ideia de uma criança crescer com dois pais homossexuais. “Uma criança precisa de uma mãe e de um pai. Eu não conseguiria imaginar a minha infância sem a minha mãe. Também acredito que é cruel tirar um bebê da sua mãe”.
A última coleção da Dolce & Gabbana, intitulada “Viva La Mamma”, foi criada para celebrar a família. Além de desenhos feitos por filhos de membros da equipe, o desfile contou com modelos e seus filhos, além de Bianca Balti, grávida. A coleção já havia gerado outra polêmica: a artista colombiana Adriana Duque acusa a grife de copiar os fones de ouvido no formato de tiaras cravejadas. Na Itália, onde a grife está sediada, o casamento do mesmo sexo e a adoção por casais gays ainda não foram legalizados.
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