Simpático e extremamente sociável, Kueno Merquides Vieira Aionda, ou simplesmente” Kueno Aionda”, é além de músico, compositor e locutor de rádio na LAC. Mesmo com a agenda lotada e sem espaço nem para descansar, Kueno Aionda ainda assim encontrou algum tempinho para uma conversa animada com a Angorussia e responder a algumas perguntas.
“Eu costumo dizer que não nasci a chorar e sim a cantar, logo descobri a minha queda para o mundo da música desde a tenra idade”, afirma o cantor arrebatando um sorriso contagiante”.
Kueno Aionda: A rádio e a música ocupam-me muito tempo, mas ainda assim resta-me algum tempo para uma outra grande paixão que é a leitura e composição de músicas. Gosto muito de criar histórias e vê-las ganhar vida nas minhas músicas. Acho isto de criar e deixar a minha imaginação falar um fenómeno único.
AR – É comum ver as pessoas a se emocionarem ao ouvirem as suas músicas. Qual é o segredo de passar sentimento as suas interpretações ou letras?
K. A: Bom, é assim: a forma com que eu interpreto as músicas tem a ver com a minha personalidade e nada mais. Como já disse, eu gosto muito de compor e criar historias, logo eu tenho que encanar nas histórias que eu interpreto, que eu componho. E este carisma sensível na interpretação é algo natural. É mesmo a minha forma de ser.
AR – Passa retractos ou partes da sua vida para as letras?
K. A: Não. Muitas pessoas questionam-me se realmente as letras que eu escrevo têm a ver comigo literalmente, mas não. É estranho dizer isso, mas eventualmente podem ter uma pitada da minha vida pessoal, mas nenhuma letra vai ser o retracto fiel da minha vida, até porque eu não faria isso porque deve haver uma separação entre a vida pessoal e a vida de compositor. E a música “Isabel”… (risos) de facto as pessoas que me conhecem acham que tem a ver com a minha vida, porque é muito parecida com um capítulo que rolou, mas também não tem a ver.
AR – Quanto ao álbum “tu vives em mim”. Esperava este sucesso todo?
K. A: Na verdade não. Não esperava em momento algum e vou sempre me surpreendendo com a repercussão do trabalho. Eu acho que as pessoas recebem muito bem o trabalho que eu faço e isso é muito bom, aliás eu sempre sonhei muito em chegar a esta faze em que as pessoas pudessem me reconhecer como artista e logo estou contente e ao mesmo tempo surpreso. E criticas… Elas vão surgindo, mas felizmente no lado positivo (risos)
AR – Com a fama ouve ganho ou perda de amigos?
É impossível não haver proximidade de pessoal. Quando a nossa vida torna-se mais conhecida, é impossível que outras pessoas não queiram se juntar e eu não sou uma excepção. e como encara isso… eu encaro sempre com muita naturalidade e sei sempre dividir as coisas, ou seja, eu sei bem quem são os meus amigos.
AR – Tem algum desporto favorito?
K. A: Eu gosto muito do hóquei em patins. Acho muito lindo, além de difícil ver os atletas sobre os patins, entre a bola e o equilíbrio. Indiscutivelmente, este é o desporto que mais me consegue prender e proporcionar diversão. Mas eu também acho muito interessante o basquetebol.
AR – Como é que consegue separar a vida pessoal da vida artística?
K. A: Existe o Kueno Aionda artista, existe o Kueno Aionda pessoa, que deve primar pela preservação daquilo que é a pessoa, porque o facto de eu ser um artista já me expõe muito, logo não consigo fazer muita coisa pessoalmente, sem que as pessoas se apercebam. Por isso é que quando tenho um tempo livre, fico em minha casa, quando tenho algum tempo livre tento ficar em casa, comigo mesmo.
AR – Disse que gosta de ler. Qual é o livro que sugeriria a um amante da leitura?
K. A: Primeiramente a bíblia claro, até porque é o meu livro favorito. Eu acho a bíblia o livro mais completo escrito até agora. Mas neste momento esto a ler um livro da Dya Kasembe, que eu estou a achá-lo bastante interessante, “a estupidez codificada” e eu recomendo-o para quem gosta de qualidade. (risos)
AR – Qual é a reacção do seu filho, o “Kiame” em relação ao seu trabalho?
K. A: Para a minha alegria, o meu filho gosta. As vezes chateia-se um bocadinho porque o papa já foi cantar ontem e vai hoje também. Por momentos chegamos até a entrar em discussões pacíficas de pai e filho por causa do trabalho, mas no fim acabamos sempre por nos entender. Ele até gaba-se na creche que é filho do Kueno Aionda. E isto é muito bom para mim.
AR – Há previsões para shows no exterior?
K. A: Já tenho alguns convites para shows fora de angola a serem respondidos, mas ainda não foram porque decidi esperar o lançamento do disco, só que depois do lançamento do disco surge uma situação, começaram a surgir muitas actividades cá, e Angola, logo é um bocadinho difícil a gestão imediata, mas aproveito dizer que antes deste ano terminar eu de certeza deslocar-me-ei para responder a alguns convites que me foram feitos.
AR – Alguma vez pensou em desistir?
K. A: Já. E não foram poucas as vezes. Eu já pensei muitas vezes em desistir porque pensei que não tivesse talento suficiente para continuar, ou seja, por tantas perdas, porque eu perdi varias vezes, eu pensei que me estava a iludir. Mas sempre tive uma força que sempre me dizia: “aguarda que o melhor está por vir”.
AR – E dos muitos momentos difíceis, qual foi o mais marcante para si?
K. A: Para mim foi depois do concurso estrelas ao palco que eu participei em 2005. Eu quase apanhava uma psicose, porque as pessoas na rua e não só, diziam sempre que eu iria ganhar e fui-me iludindo e achar que realmente fosse ganhar, que quando eu saí em 3º lugar, eu tive que ficar internado, porque eu estava muito abalado e com a cabeça as voltas. Mas passou, e cá estou eu. (risos).
AR – Mensagem para os fãs
K. A: Eu não costumo chamar fãs. Eu chamo de companheiros, as pessoas que acompanham o meu trabalho. Acho o termo mais intimista. Eu quero agradecer a estas pessoas por cederem um pouco do seu tempo, para ouvirem as minhas músicas e apreciarem o meu trabalho. E dizer que o artista sente-se muito feliz quando vê o público a valorizar o seu trabalho e a acompanharem os seus passos.eu quero agradecer muito aos meus companheiros na Rússia, Ucrânia e os muitos seguidores e adeptos da Angorussia e dizer que cada um de vocês vive em mim e que sem vocês eu estaria sem chão.
Nascido aos 29 de Maio de 1986, Kueno Aionda é natural de Luanda e pai do pequeno Kiame de 5 aninhos.
O talentoso cantor iniciou a sua carreira em 2002 no programa “canta” da Radio luanda. No ano de 2004 participou na 5º edição do “estrelas ao palco”, conquistando assim o 3º lugar. No ano a seguir participou na 8º edição do festival da canção de luanda, interpretando a canção “carnaval” do cantor e compositor Voto Gonçalves. Em 2006 participa novamente no festival da canção de luanda, com uma música de sua autoria, “vencerás”, sendo em 2010 foi o grande vencedor da 13º edição do festival da canção de luanda.
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