Anderson Silva estava certo: o único homem que poderia derrotá-lo era ele mesmo.
E foi com uma postura equivocada e inexplicável, abaixando a guarda, brincando e pedindo para ser golpeado, que ele perdeu pela primeira vez no UFC, para Chris Weidman. O americano de 29 anos surpreendeu e nocauteou o brasileiro, de 38 anos, no segundo assalto, na madrugada deste domingo, no UFC 162, em Las Vegas, na MGM Grand Arena. A derrota interrompe a sequência de vitórias (já eram catorze) e defesas de títulos (dez) do brasileiro, que deve ter seu futuro decidido nas próximas horas, quando os organizadores do evento participarão de uma entrevista coletiva – é provável que ele ganhe uma revanche imediata contra o novo campeão.
Falta saber se ele vai querer continuar na categoria que agora tem um novo campeão. Apesar de ter outras dez lutas em contrato com UFC, o brasileiro mostrou-se confuso e sem rumo. Conforme anunciou o chefão Dana White antes mesmo da luta, se quiser, terá a revanche imediata para tentar recuperar o cinturão que era seu desde 2007 – desta vez, de preferência, lutando de forma séria, sem passar a luta toda provocando o oponente.
Anderson fez tudo o que se poderia imaginar no octógono – exceto lutar. Ele dançou, brincou, falou muito, chamou Weidman para a briga, pediu para ficar na grade e disse que precisaria de muito mais agressividade do oponente para ser derrotado. O que ele não esperava é que, em uma dessas brincadeiras, o americano conseguiria acertar uma esquerda que o derrubaria de verdade, para delírio da torcida local. Perdendo para o seu próprio ego e excesso de confiança, Anderson apagou e nem percebeu quando o árbitro Herb Dean correu para segurar Chris Weidman – que desferia uma sequência violenta de golpes – e encerrar o combate. “Minha vitória não é nenhum milagre, é fruto de muito treino. Eu respeito muito o Anderson Silva e estou disposto a conceder uma revanche quando o UFC quiser”, disse o americano. Vaiado pela torcida – que tinha apoiado o brasileiro durante a semana – Anderson Silva parecia não entender direito o que havia acontecido e falou em tom de despedida.
Na saída do octógono, não descartou a aposentadoria. “Meu sonho sempre foi trabalhar no mundo das lutas. Gostaria de agradecer aos Fertittas e a todos os americanos pela oportunidade de lutar no UFC. Tudo isso mudou minha vida, pude construir muita coisa para minha família. O campeão agora é Chris Weidman e ele tem o meu respeito. Devo continuar no UFC, mas não penso mais em lutar pelo cinturão dos médios.”
Fonte: Primeira hora