O médio franco-angolano, Eduardo Camavinga, falou recentemente durante uma entrevista sobre algumas memórias da sua infância, das quais surgem os primeiros dois anos no norte de Angola, num campo de refugiados.
Numa entrevista ao “The Guardian”, Eduardo Camavinga começou por contar que o futebol é a sua vida e todos os amigos que fez, vieram do mesmo, pois, é graças ao desporto que hoje tem o seu diploma da escola.
“Todos os amigos que fiz na vida vieram do futebol. Tenho o meu diploma da escola graças ao futebol também. Tenho tanto por que agradecer ao futebol”, frisou.
O futebolista falou de algumas das memórias de infância, e fez saber que não se lembra de quase nada, pois, em casa não se fala no assunto, mas que o seu pai contou-lhe que em Angola as coisas eram difíceis, tanto que a sua família foi para França para ter uma vida melhor.
“Ainda não tinha dois anos quando fomos para França. As coisas eram difíceis em Angola. A minha família foi para França para ter uma vida melhor. Havia muitas guerras, era a única coisa que o meu pai dizia-me”, contou.
A guerra na República Democrática do Congo deu corda aos sapatos de Sofia e Celestino(seus pais) que fugiram da sua terra e fixaram-se em Miconje, no norte de Angola, num campo de refugiados. Foi ali que tiveram Eduardo, em 2002. Pouco mais de duas décadas depois, Eduardo Camavinga, uma das pérolas no céu de Madrid.
Eduardo Camavinga é uma daquelas histórias salpicadas por contornos improváveis. Nasceu num campo de refugiados, mudou-se para França em bebé, para Lille, mudou-se depois para Fougères, onde a casa da família ardeu e perdeu tudo, e depois Rennes. Deu nas vistas no futebol, estreou-se pelo clube da cidade com apenas 16 anos e a seguir, com apenas 19, saltou para o maior clube da história, onde conquistou logo uma Champions, exatamente contra o Liverpool. Na final do Stade de France, em Maio de 2022, marcada pela promessa de tragédia, o canhoto jogou os últimos minutos do encontro.
O futebolista, de 20 anos, esteve no Campeonato do Mundo no Catar, onde actuou em duas ocasiões. A França chegou à final do torneio, perdendo no derradeiro jogo contra a Argentina de Lionel Messi. Apesar de tão jovem já viveu muito no desporto.