Ser campeão com drama é com o Real Madrid mesmo. Foi assim nas últimas duas conquistas de Liga dos Campeões e se repetiu nesta terça-feira. Sem Cristiano Ronaldo, Pepe, Bale e Kroos e com Benzema, James e Modric a começarem no banco, o time merengue perdia para o Sevilla a decisão da Supertaça da Europa por 2 a 1 até aos 71 minutos, quando Sergio Ramos, que já havia sido salvador nessas duas Champions, apareceu para empatar.
Não há melhor para uma equipa que terminar a uma época a vencer e começar a seguinte também a ganhar. Foi isto que se passou com o Real Madrid que, em Maio, conquistou a Liga dos Campeões e, esta terça-feira, a Supertaça Europeia, batendo o Sevilha por 3-2, em Trondheim, na Noruega.
Foi perceptível alguma confusão táctica de início no Sevilha. O Real Madrid aproveitou para dominar, mostrando ser a equipa com mais vontade de pressionar. Pouco a pouco, o vencedor da Liga Europa foi equilibrando mas mais parecia uma partida de pré-época: lenta, sem rasgos e com erros de parte a parte. O jogo precisava que as individualidades aparecessem mas ninguém esperava que fosse Marco Asensio a fazê-lo. Aos 21 minutos, o jovem de 20 anos, emprestado na época passada ao Espanhol, justificou a aposta de Zidane com um grande golo de fora da área, com a bola a entrar “na gaveta”.
O golo não mudou muito o jogo mas o Sevilha, a perder, subiu um pouco no terreno e ameaçou o empate pelo português Daniel Carriço, também num remate de longe, à meia hora, que Kiko Casilla resolveu com dificuldade. Um dos novos jogadores dos “andaluzes” é o médio italo-argentino Franco Vázquez, contratado ao Palermo, cujo pé esquerdo foi dando nas vistas ao longo do primeiro tempo. Foi com ele que o reforço fez o empate, aos 41 minutos, também num remate bem colocado. Um golo que trouxe justiça ao jogo, uma vez que nenhuma das equipas foi claramente superior à outra
A segunda parte, na qual Daniel Carriço só participou em seis minutos (substituído por Rami), foi jogada em moldes um pouco diferentes porque o Real Madrid surgiu com vontade de dar velocidade ao jogo. Fê-lo, principalmente, pelo trio da frente, Asensio, Morata e Lucas Vázquez, com bom apoio de Isco, mas também o Sevilha jogou mais rápido, com o jogo a ficar partido em alguns momentos.
Não houve, no entanto, ocasiões flagrantes de golo na primeira metade do segundo tempo, mas, aos 71 minutos, o jogo mudou, com Sergio Ramos a cometer penálti sobre Vitolo. Konoplyanka, que tinha entrado cinco minutos antes, enganou Casilla e o Sevilha passou para a frente do marcador. Os merengues, que já tinham Benzema e Modric em campo na altura do golo, colocaram também James Rodríguez, mas nenhum deles ofereceu nada de especial à partida, sendo que apenas a ala direita (Carvajal e Lucas Vázquez) lutaram pelo empate.
Quando os adeptos “andaluzes” já se preparavam para festejar nova conquista europeia, Sergio Ramos, sempre capaz do melhor e do pior, redimiu-se do penálti e empatou aos 90+3’, num erro clamoroso da defesa do Sevilha, que deixou o central cabecear à vontade. No prolongamento, o Real Madrid beneficiou da expulsão de Kolodziejczak logo no início e dominou todo o tempo extra. Sergio Ramos podia ter bisado aos 99’, introduziu mesmo a bola na baliza mas o árbitro viu um puxão na camisola de Rami. As oportunidades para o Real foram-se sucedendo e a defesa “andaluz” passava por muitas dificuldades, físicas até. Não foi surpresa, por isso, que os merengues tivessem marcado: Carvajal foi furando pelos jogadores do Sevilha, sem nunca ser pressionado, e marcou um bonito golo a um minuto dos penáltis, dando o primeiro troféu da época à equipa de Madrid.