Leicester City, um campeão para os românticos do futebol


O Leicester City esperava um deslize do Tottenham esta segunda-feira, frente ao Chelsea. Deslize esse que veio mesmo a acontecer. O momento histórico para os jogadores dos ‘foxes’ aconteceu no sofá e, neste caso, no sofá de Jamie Vardy, onde o plantel do Leicester City se reuniu para assistir ao jogo dos rivais.

Leicester City

Quando Claudio Ranieri foi anunciado como treinador do Leicester City, a pergunta que muitos adeptos fizeram foi: este não é o tipo que perdeu duas vezes com as Ilhas Feroé quando era seleccionador da Grécia? “A sério?”, foi a reacção imediata no Twitter de Gary Lineker, adepto confesso e antigo avançado do clube. Toda a gente dava o Leicester como o principal candidato à despromoção, especialmente com a liderança de um italiano itinerante que nunca tinha ganho nada em lado nenhum. O que aconteceu nos dez meses seguintes desafiou toda a lógica e acabou com um final perfeito para os românticos do futebol, consumado nesta segunda-feira com o empate a dois golos do Tottenham no terreno do Chelsea. O Leicester, a equipa em que ninguém acreditava, com um treinador em quem ninguém confiava, e com jogadores que ninguém conhecia, é o novo campeão de Inglaterra.

O Chelsea empatou esta segunda-feira 2 – 2 com o Totenham, em jogo da Premier League britânica, fazendo com que o Leicester se consagre campeão de Inglaterra de futebol, pela primeira vez na história do clube, concluindo um verdadeiro “conto de fadas”.

Partindo de probabilidades de um para 5.000, o conjunto comandado pelo italiano Claudio Ranieri – que, como o Leicester, nunca havia sido campeão – superou todos os ‘poderosos’ do reino de ‘sua majestade’, incluindo Chelsea, Manchester City, Manchester United, Arsenal, Liverpool ou Tottenham. O último passo para a festa foi o deslize dos spurs em casa do Chelsea: após estarem a vencer por 0-2 ao intervalo (golos de Kane e Son Heung-Min), permitiram o empate dos blues (marcaram Cahill e Hazard): com sete pontos de vantagem (77-70), a duas jornadas de final da Premier League, os foxes passam a estar numa posição inalcançável por qualquer dos perseguidores.

Com uma equipa de ‘tostões’, composta por uma maioria de desconhecidos, talvez com exceção de Kasper Schmeichel, e por ser filho de Peter Schmeichel, ou Robert Huth, o Leicester ‘furou’ todos os prognósticos, para se tornar o 24.º campeão de Inglaterra, cujo palmarés não apresentava uma novidade desde o título do Nottingham Forest, em 1977/78.

Do nada para o ‘estrelato, surgiram nomes com os do extremo Riyad Mahrez, eleito o melhor jogador da ‘Premier League’ pelo sindicato dos jogadores, e do ponta de lança Jamie Vardy, o melhor para os jornalistas.

Jogadores como Jamie Vardy, N’Golo Kanté, Danny Drinkwater ou Riyad Mahrez passaram de perfeitos desconhecidos a “estrelas” de primeira grandeza que ofuscaram algumas das contratações milionárias da Premier League. O sucesso improvável do Leicester também se avalia por aqui, pelo que (não) gastou em transferências. Entre as 20 equipas da Premier League, o Leicester foi apenas a 13.ª que mais gastou, com 37,62 milhões de libras nas duas janelas de transferência, cerca de um quarto do volume de compras do Manchester City (152 milhões), e até bastante menos do que o já despromovido Aston Villa (49 milhões). O sucesso no recrutamento foi tal, que o Arsenal foi “roubar” o chefe de “scouting” do clube, mas em Inglaterra diz-se que os “gunners” contrataram a pessoa errada.

Claro que o Leicester contou também com o colapso colectivo dos habituais candidatos ao título para esta tempestade perfeita que acabou em triunfo. Os dois de Manchester, o Arsenal, o Chelsea e o Liverpool foram todos demasiado inconsistentes para fazer sombra aos homens de Ranieri. A maior concorrência acabaria por vir do Tottenham, que também teve uma época de sonho, com uma equipa jovem e muito inglesa liderada por Mauricio Pochettino a praticar um futebol atraente que muitos observadores entendem ser de maior qualidade que o Leicester do contra-ataque e das bolas paradas.

E como será o Leicester de 2016-17? Vai-se estragar com os milhões do novo negócio das transmissões televisivas, mais os da Champions e o das transferências milionárias que, por certo, irá fazer? A pré-época já é um sinal do que aí vem. Na preparação para 2015-16, as “raposas” jogaram contra Lincoln City, Mansfield Town, Burton Albion, Roterham United e Birmingham City, a próxima pré-época será na International Champions Cup ao lado de Real Madrid, Barcelona, Bayern Munique, AC Milan, PSG, entre outros “grandes” do futebol europeu, uma amostra do que irá enfrentar na Liga dos Campeões, em que será cabeça-de-série.

Globo/Publico/DN/NM/Ojogo


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