O AngoRussia foi as ruas do Projecto Nova Vida saber como funciona a rotina dos lavadores de carro bem como seu sonhos e projectos de vida. As revelações foram surpreendentes.
Segundo relatos dos entrevistados, a vida de um “lavador de carros” não é fácil, pois no acto do cumprimento das suas obrigações lhes são confiscados alguns ‘direitos’. Apesar de ser difícil e muito cansativo ser lavador de carro é muito prazeroso, contam os experientes.
“É difícil ser lavador de carro, não temos dias de descanso porque todos os dias temos de trabalhar, não temos feriados e nem finais de semana. Algumas vezes já me acusaram de ter roubado dinheiro num carro após a lavagem, mas eu era inocente. Isso as vezes faz-me pensar em desistir, mas já ganhei gosto de tirar a lama, limpar o pó, dar brilho nos pneus, me dá prazer lavar carro”, começou por dizer o jovem Alberto.
Alguns foram ‘obrigados’ a fazer o trabalho em questão, por falta de emprego mas garantem que hoje sentem-se orgulhosos por desempenhar tal função.
“A rotina não é fácil, acordo muito cedo e trabalho debaixo do sol. Não escolhi ser lavador de carro, as necessidades me obrigaram. Eu tinha uma família por sustentar e não tinha onde tirar dinheiro, para não fazer coisas que podiam me dar dinheiro imediato mas que prejudicasse a minha vida, optei por ganhar o pão de cada dia lavando carros. Hoje posso dizer que não é o melhor emprego do mundo, mas é o emprego que coloca comida na mesa de casa”, contou emocionado João Mdala.
Os mesmos aproveitaram a entrevista para apelar aos clientes a respeitarem o seu trabalho como respeitam os outros, e a pararem de os tratar como se fossem mendigos a caça de esmolas.
“Não gosto quando me faltam respeito por eu ser lavador de carro, alguns clientes tratam-me como se eu fosse mendigo querem sempre baixar o preço da lavagem achando que tudo que preciso é de uma esmola para comer, eu tenho a minha mãe e os meus irmãos para sustentar e gosto que me paguem o justo pelo trabalho”, frisou o jovem Jairo de 26 anos.
Quanto aos sonhos a maioria dos entrevistados disse não tê-los com especificidade, uns sob alegação da idade elevada e outros da falta de oportunidades. Mas Pedro de 17 anos, foi ousado e respondeu com certeza:
“Eu um dia vou ser professor, estou a estudar a 9ª classe e quero um dia poder ensinar outras pessoas. Gosto desta profissão porque a minha mãe não sabe ler e isso me dói”.