Uma enfermeira da cidade síria de Alepo, destruída pela guerra, escreveu uma carta de suicídio onde explica que vai pôr fim à sua vida para não ter de se submeter às mãos dos “animais do exército sírio”, como descreve.
Com semelhança de alguns relatos de rebeldes de Alepo, pela carta apercebe-se que mulheres que sobreviveram aos ataques à maior cidade síria correm o risco de serem agredidas sexualmente, o que tem levado um número crescente a cometer suicídio. Segundo Abdullah Othman, o porta-voz do Conselho Consultivo da Frente Levante – um dos maiores grupos rebeldes do país -, vinte mulheres puseram fim às suas vidas para não serem violadas, apenas na manhã de quarta-feira (14).
Numa nota de suicídio, partilhada nas redes sociais pelo ativista humanitário Abdullateef Khaled, a mulher, enfermeira em Alepo, explica porque é que quer morrer.
“Sou uma das mulheres de Alepo que vai ser violada, brevemente. Não há armas nem homens que se consigam pôr entre nós e os animais, a quem chamam de ‘soldados sírios’, que estão prestes a chegar”, lê-se na carta, enviada à oposição do Governo sírio.
“Vou cometer suicídio porque não quero que os membros do regime de Assad me violem. Vou cometer suicídio porque o Dia da Ressurreição já chegou a Alepo e porque acho que o inferno não vai ser pior que isto”, escreveu a mulher, de quem se sabe apenas a profissão.
“Vou cometer suicídio. E, quando lerem isto, saibam que morri pura, apesar de tudo.”