O Governo angolano vai contratar um novo financiamento internacional, de 500 milhões de dólares (465 milhões de euros), desta vez ao banco de origem espanhola Santander.
A informação consta de um despacho presidencial de 09 de novembro, ao qual a Lusa teve ontem acesso, em que o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, aprova o acordo-quadro de financiamento para a concessão de uma linha de crédito, a celebrar entre a República de Angola e o banco Santander.
Como outros empréstimos anteriores, esta linha visa diversificar as fontes de financiamento do Orçamento Geral do Estado (OGE) angolano.
Este empréstimo surge uma semana depois de garantida a emissão internacional de mais 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) em ‘eurobonds’, títulos de dívida pública angolana, a 10 anos, mas em moeda estrangeira.
Angola vive uma grave crise financeira e económica, provocada pela quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, o que fez diminuir as receitas com a exportação do barril de crude e também a entrada de divisas no país.
Para compensar a quebra para metade destas receitas e um défice público estimado para este ano em cerca de sete por cento, o Governo angolano tem vindo a contrair nos últimos meses diversas linhas de financiamento junto de instituições financeiras internacionais.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na sexta-feira que prevê um “aumento significativo” da dívida pública angolana em 2015, na sua análise regular à economia e contas públicas d Angola.
O documento reconhece o forte impacto da crise petrolífera nas contas públicas, identificando que a dívida pública deverá elevar-se no final do ano ao equivalente a 57,4% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja 58,5 mil milhões de dólares (54,4 mil milhões de euros).
Trata-se de um aumento face ao peso de 42,2% do PIB em 2014, com a 14,7% (do PIB) a corresponderem à dívida contraída pela estatal petrolífera Sonangol, num total de 15 mil milhões de dólares (13,9 mil milhões de euros), o dobro face aos valores de 2010 da Sonangol, nas contas do FMI.
Entre outras linhas de apoio, o Governo angolano já fechou nos últimos meses financiamentos com o Banco Mundial, no valor de 450 milhões de dólares (418 milhões de euros) – acrescido de uma garantia de 200 milhões de dólares (186 milhões de euros) – e uma nova linha de apoio financeiro da China, no valor de 6.000 milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros).
Foram ainda pedidos apoios aos franceses da Société Générale, no valor de 500 milhões de dólares (465 milhões de euros), aos espanhóis do BBVA, de 500 milhões de euros, ou aos norte-americanos do Goldman Sachs e do fundo britânico Gemcorp Capital, cada um com 250 milhões de dólares (232 milhões de euros).
Entre outros, em junho passado somou-se um empréstimo de 123,7 milhões de dólares (115 milhões de euros), aprovado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), para financiar um projeto de abastecimento de água e saneamento básico em Angola.
Em fevereiro passado foi fechado um acordo com o banco sul-africano Rand Merchant Bank (RMB), que vai financiar o projeto de construção e reabilitação de duas estradas nacionais angolanas (EN 180 e 225), com o empréstimo de 216 milhões de dólares (201 milhões de euros).
AR/Lusa