Na cidade capital, Luanda, os resíduos sólidos são depositados em lixeiras e contentores que mal se aguentam, a céu aberto. Quem vem pela primeira vez a cidade ou regressa pode logo ver além das placas de “Bem-vindo à Angola” nas proximidades do Aeroporto 4 de Fevereiro o lixo preeminente que cada dia que passa agravasse cada vez mais.
A falta de gestão do lixo, tem sido um dos maiores problemas, e traz consigo graves problemas, entre eles a possível poluição do ar, água, terra. Habitantes das várias partes de Luanda, optam pelo método da queima do lixo, o método é eficaz mas o problema é que a queima é feita próximo das vizinhanças, e isso pode causar mau cheiros e problemas respiratórios.
A guerra civil, arrastou comunidades inteiras para os centros urbanos, e a urbanização na cidade de Luanda tem sido muito rápida nos últimos anos, e com o aumento da urbanização aumentam-se também os problemas com o lixo, visto como já fora citado existe uma falta de gestão do mesmo.
Crescimento desordenado
Visto que o custo de vida aumentou de tal forma, muitos se viram obrigados a deixar as cidades e zonas periféricas, para zonas urbanas (Benfica, Viana, etc), e a cidade foi-se espalhando de forma desordenada. Tal como em muitas zonas urbanas, o crescimento não foi acompanhado por serviços públicos, muitos ainda têm de se deslocar para zonas distantes para os mesmos, a falta de infra-estruturas e saneamento básico em muitas zonas tem sido uma deficiência quanto ao tratamento dos resíduos sólidos.
Invisíveis perante a lei
Mais da metade da população ativa na capital trabalha no sector informal, zungueiras e vendedores ambulantes são vistos todos os dias, porque para muitos destes, essa é a única fonte de rendimento. E muitas das vezes, é nas proximidades dos mercados informais onde o lixo é mais predominante, mas por permanecerem invisíveis aos olhos da lei, muitos zungam e deixam o lixo aí e assim espalha-se mais a desordem, espalham-se mais as doenças, e por aí a fora.
Lugar de tudo e de todos
De tudo um pouco se procura, se vende e revende em Luanda, desde alimentos fora do prazo de validade retirados dos supermercados, restos de comida, refrigerantes, material hospitalar, mobília danificada, e a lista continua, tudo isso e mais alguma coisa quando já não servem para nada são deitados fora em pleno céu aberto causando então os tais montes e montanhas de lixo.
Poucos avanços na separação do lixo
O governo tem feito tudo em seu poder para haver uma boa gestão do lixo em Angola, visando melhorar o sistema de colecta, tratamento e deposição do lixo, mas apesar dos esforços, poucos avanços têm sido feitos para a separação do lixo, e um dos problemas é que a população muitas das vezes não coopera com os esforços do governo, por exemplo, em tempos foi testemunhado por várias individualidades um jovem que podia muito bem andar mais um pouco para deitar o lixo na imunda montanha de lixo, mas decidiu deitar no lugar onde estava dizendo que “isto é trabalho deles”, pode até ser “trabalho deles”, mas quem irá sofrer as consequências de tal alto será ele mesmo e outras centenas e milhares ao arredor. Precisa-se de uma mentalidade mais subtil na nossa capital quanto ao lixo.
Sem espaço para reciclagem
A reciclagem é feita de forma muito limitada, normalmente no âmbito de projectos ou iniciativas individuais, mas a escassez de industriais que usem material reciclado tem afundado tais projectos. Muitos materiais têm de ser exportados, e este não é um negócio sustentável. Mas, apesar destes contratempos há projectos que ainda continuam fortes e determinados para acabar com o lixo na nossa linda cidade de Luanda.
E o lixo aqui continuará…
Até que não houver uma gestão rígida quanto a recolha de lixo, uma mentalidade fértil quanto ao não deitar lixo no chão ou na rua, as lixeiras irão sempre ser formadas, e a decomposição dos resíduos depositados em qualquer local levará anos e até mesmo décadas, se não mudarmos AGORA!.
Fonte: DW Angola