Tal como na final da Taça UEFA de 2005, o Sporting chegou ao intervalo a vencer o CSKA, por 1-0, mas depois permitiu a reviravolta russa, por 3-1. Leões são relegados para a Liga Europa.
Ao intervalo, o Sporting estava a vencer por 1-0 e estava perto de celebrar uma conquista europeia, mas na segunda parte o CSKA Moscovo virou o resultado para 3-1, para desalento dos leões. Esta bem poderia ser a descrição da final da Taça UEFA de 2004/05, mas foi o que aconteceu nesta quarta-feira, em Moscovo, no “play-off” de acesso à Liga dos Campeões. Os leões falham a sétima participação na Liga milionária e são relegados para a Liga Europa.
A qualificação para a fase de grupos renderia um prémio de 14 milhões de euros (12 pelo apuramento e dois pela participação no “play-off”), mas com a derrota o Sporting receberá, para já, três milhões de euros, pela participação nesta eliminatória. A entrada na menos valiosa Liga Europa rende “apenas” 2,4 milhões de euros, portanto o Sporting irá avaliar a possibilidade de vender uma das suas “pérolas” antes do fecho do mercado, de modo a reequilibrar o orçamento – ir à Champions “pagaria” cerca de meia época de salários.
Não foi uma noite de roleta russa, porque o prémio fugiu ao Sporting. Em vez de 14 milhões de euros (dois por vencer o play-off e 12 pela presença na fase de grupos da Champions), entram nos cofres “leoninos” 5,4 milhões: três na qualidade de derrotado na eliminatória da Liga dos Campeões e 2,4 como prémio por disputar a fase de grupos da Liga Europa. Os “leões” foram relegados para a segunda competição da UEFA por uma reviravolta russa. Durante mais de uma hora tiveram o próprio destino nas mãos, mas talvez tenham apostado demasiado cedo num hipotético prolongamento, que não chegou a acontecer.
Quem assistisse aos primeiros minutos do encontro não diria que era o CSKA que estava em desvantagem e obrigado a dar a volta à eliminatória. Os “militares” mostraram-se lentos, quase apáticos, concedendo espaços ao Sporting, que não se fez rogado em explorá-los: uma arrancada fulgurante de Carrillo, um bom passe de Aquilani para Bryan Ruiz, cujo remate não saiu enquadrado com a baliza, ou uma jogada de João Pereira com Teo Gutiérrez foram os primeiros apontamentos de perigo na Arena Khimki. Mas a equipa de Leonid Slutski despertou aos 23’, com um remate perigoso de Doumbia, que saiu ao lado, e não demorou a assumir o comando dos acontecimentos.
Porém, as aspirações dos “militares” na eliminatória sofreram um golpe aos 36’, com João Pereira a descobrir Teo Gutiérrez com um excelente passe, que o colombiano aproveitou para arrancar rapidíssimo, isolar-se perante Akinfeev e fazer o remate para o golo. A vantagem já era dos “leões”, que agora ficavam ainda mais confortáveis. O CSKA precisava de marcar dois golos para forçar o prolongamento, e três para passar para a frente da eliminatória, tantos quantos os sofridos pelo Sporting nos quatro jogos oficiais disputados até ao momento.
Mas o pior cenário para o Sporting começou a desenhar-se na segunda parte. A equipa de Jorge Jesus ruiu como um castelo de cartas face às acelerações e combinações de Musa e Doumbia. Foram 45 minutos de descalabro que deitaram tudo a perder: os “leões” permitiram que o CSKA igualasse o jogo (1-1) e depois a eliminatória (2-1), ficaram à espera do prolongamento, e depois concederam o golo (3-1) que ditou a despedida da Liga dos Campeões.
A forma como o CSKA chegou ao empate foi marcante pelas sequelas que deixou em vários jogadores. Doumbia, que já tinha marcado em Alvalade, fez o 1-1 num lance desastrado do Sporting: tudo começou num livre de Dzagoev que Adrien Silva, com um toque aparentemente involuntário, desviou para trás, na direcção da baliza. Doumbia antecipou-se a Naldo e tocou a bola, que ressaltou em Rui Patrício, roçou no braço direito do avançado e entrou.
A intranquilidade começou a apoderar-se da equipa de Jorge Jesus, que apenas aos 81’ fez o primeiro remate na segunda parte, com Aquilani a obrigar Akinfeev a defesa apertada, e no canto que daí resultou Slimani cabeceou para o fundo da baliza — mas o árbitro considerou que a bola saiu quando Carrillo marcou o canto. Nessa altura, o Sporting já perdia: Doumbia, a passe de Musa, voltara a marcar (72’).
O espectro do prolongamento pairava, mas Musa afastou-o. Tarde de mais para os “leões” reagirem. A reviravolta russa estava completa.
AR/DN/Publico