Angola, em chinês, diz-se “AnGuêLá”: é uma tradução sonora, como “PuTaoYa” (Portugal), cujo primeiro carater, “An” (paz), ocupa lugar de destaque na toponímia de Pequim e em particular no nome da sua praça mais famosa – TianANmen.
Mas para os cerca de 250.000 de chineses que lá trabalham, a longínqua “Anguêlá” é, sobretudo, “uma terra de oportunidades”.
“Angola já criou muitos multimilionários”, disse um empregado de uma multinacional chinesa de telecomunicações radicado há quatro anos em Luanda.
Nem todos ficarão milionários, mas a atração parece manter-se.
Um intérprete em início de carreira, com menos de 25 anos de idade, chega a poupar 20.000 yuan (cerca de 3.000 euros) por mês – mais do triplo do salário médio em Pequim.
Um engenheiro recém-licenciado escusou-se a precisar quanto dinheiro conseguiu amealhar durante os dois anos em que trabalhou em Angola, mas contou que, a seguir, comprou um jipe e uma casa, numa província do norte da China.
“Só conheci Angola depois de a guerra acabar. Fui lá pela primeira vez em 2003 e gostei logo”, contou à agência Lusa o presidente do Grupo Huafeng, Zhan Qiaoyang.
Sediado em Luanda, com interesses na construção civil, reparação automóvel, exploração florestal e outras indústrias, aquele grupo privado empregava em 2013 quase um milhar de pessoas, incluindo uma dezena de técnicos portugueses, nomeadamente arquitetos e engenheiros.
O patrão do Huafeng conhece outros países africanos, mas considera que “Anguêlá é o melhor”.
Juntamente com o Brasil, aquele país é também responsável pelo rápido desenvolvimento do ensino do português na China.
Não contando com Macau, no final da década de 1990, apenas duas universidades chinesas – em Pequim e Xangai – tinham licenciaturas em português. Quinze anos depois, há cerca de vinte, dispersas por uma dezena de cidades.
Além deste cursos, com quatro anos de duração, há universidades que ensinam português como língua estrangeira de opção e outras que promovem cursos intensivos para quadros de grandes empresas estatais que vão trabalhar em Angola.
A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil, à frente dos Estados Unidos, e depois de a guerra civil em Angola ter acabado, em 2012, tornou-se um dos principais atores da reconstrução do país, nomeadamente das suas estradas, caminhos-de-ferro e outras infraestruturas.
Segundo fontes chinesas, o montante dos empréstimos e linhas de crédito concedidos pela China a Angola desde 2004, através de vários bancos estatais, ronda os 15 mil milhões de dólares (11,14 mil milhões de euros).
AR/NM