O estresse da mãe pode afetar o bebê. E não para por aí. Na verdade, os problemas relacionados ao estresse se propagam, inclusive, pelas gerações seguintes. A descoberta foi relevada num estudo publicado nesta quinta-feira no periódico “BMC Medicine”.
Pesquisadores queriam investigar como bebês prematuros são influenciados pelo estresse, já que o parto prematuro é uma das principais causas de morte e pode provocar problemas ao longo da vida. Para isso, fizeram testes com gerações de ratos, divididos entre estressados e não estressados. As filhas de ratos estressados tinham gestações mais curtas do que as do outro grupo.
Surpreendentemente, até as netas de ratos estressados tiveram gestações encurtadas, mesmo que suas mães não fossem estressadas. Também tinham níveis mais altos de glicose do que os do outro grupo. E ainda pesavam menos.
“Mostramos que o estresse ao longo das gerações é forte o suficiente para encurtar a gravidez em ratos”, afirmou Gerlinde Metz, autora principal do estudo pela Universidade de Lethbridge, no Canadá. Uma descoberta surpreendente foi que estresse leve e moderado durante a gravidez tiveram efeito cumulativo ao longo das gerações.
Os pesquisadores acreditam que estas mudanças ocorrem devido à epigenética — os efeitos do ambiente sobre a expressão dos nossos genes.
— Quando tivermos uma melhor compreensão sobre os mecanismos das assinaturas epigenéticas herdadas poderemos prever e reduzir o risco de doenças — comentou Gerlinde, que acrescentou. — Partos prematuros podem ocorrer por vários fatores. No nosso estudo damos novas perspectivas sobre como o estresse em nossas mães, avós e além podem influenciar no risco de complicações na gravidez e no parto. A descoberta tem implicações para além da gravidez e sugere que as causas para muitas doenças complexas poderiam ter raiz nas experiências de nossos ancestrais.
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