Pais reconhecem 77 das raparigas sequestradas no vídeo divulgado pelo Boko Haram


Os pais das raparigas sequestradas pelo grupo radical islâmico Boko Haram, no norte da Nigéria, reconheceram 77 das mais de 200 menores no vídeo divulgado esta semana pelos rebeldes, noticiou hoje a imprensa nigeriana.

Nigeria Kidnapped Girls

Familiares das alunas, sequestradas há exatamente um mês, reuniram-se na terça-feira em Maiduguri, capital do estado de Borno (norte), onde ocorreu o rapto, para ver o vídeo no qual perto de uma centena de reféns surge com vestes islâmicas.

De acordo com o diário digital This Day, os familiares das vítimas, raptadas há precisamente um mês, reuniram-se em Maiduguri, capital do estado de Borno, onde ocorreu o crime, para verem o vídeo em que surgem uma centena de reféns vestidas com trajes tradicionais islâmicos.

Ontem, o Governo nigeriano afirmou «estar aberto ao diálogo», isto depois de ter recusado inicialmente qualquer troca de detidos afetos ao Boko Haram.

Ao mesmo tempo, defendeu o prolongamento por seis meses do estado de emergência, em vigor há um ano nos três estados do nordeste do país (Adamawa, Borno e Yobe), redutos do Boko Haram, e que termina hoje.

O presidente do Senado da Nigéria, David Mark, afirmou que o Governo federal vai garantir o resgate das raparigas, mas sublinhou que a “Nigéria não vai negociar com terroristas sob nenhuma circunstância”.

“Se negociarmos com eles, vão raptar mais pessoas e teremos que voltar a negociar”, advertiu, em declarações à agência noticiosa nigeriana (NAN).

A ameaça do Boko Haram “não se limita à Nigéria” e “não se devem medir esforços” para combater o grupo, considerou.

Neste sentido, prometeu que o parlamento vai rever a lei antiterrorista nigeriana.

A posição do Boko Haram também parece ter evoluído. Num primeiro vídeo, difundido a 05 de maio, Abubakar Shekau prometia reduzir as raparigas a escravas, vendê-las e casá-las à força.

No segundo vídeo, divulgado na segunda-feira, o líder dos rebeldes islamitas disse ter convertido ao islamismo “uma parte das jovens” e referiu a troca das estudantes por presos detidos pelo poder.

Paralelamente, a mobilização internacional não para de aumentar nos últimos dias, com os Estados Unidos a liderar. A Nigéria, normalmente pouco recetiva a toda a ingerência estrangeira nos assuntos internos, resolveu finalmente aceitar a ajuda.

O comandante das forças armadas norte-americanas em África (AFRICOM), general David Rodriguez, deslocou-se na terça-feira a Abuja, a capital federal, para “debater a ajuda norte-americana nas operações de busca assim como qualquer cooperação” entre as forças norte-americanas e nigerianas.

O Reino Unido e França também enviaram equipas de peritos para a Nigéria, enquanto a China e Israel já propuseram ajuda.

No sábado, decorre em Paris uma cimeira sobre a segurança na Nigéria, reunindo o Presidente François Hollande e os dirigentes de pelo menos cinco países africanos: a Nigéria e quatro vizinhos, o Chade, Camarões, Níger e Benim. Norte-americanos e britânicos também foram convidados a participar.

Em todo o mundo, as manifestações multiplicam-se para exigir a libertação das raparigas, num movimento criado a partir de uma palavra de ordem divulgada na rede social “Twitter”: “Bring Back Our Girls”.

A 14 de abril, o Boko Haram sequestrou 276 raparigas, cristãs e muçulmanas. Várias dezenas de adolescentes conseguiram fugir, mas 223 ficaram nas mãos do grupo radical islâmico.

Boko Haram, que significa em dialeto local “a educação não islâmica é pecado”, luta pela imposição da “sharia”, ou lei islâmica, na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristão no sul.

Desde que as forças de segurança nigerianas mataram, em 2009, o fundador e líder espiritual do Boko Haram Mohamed Yusuf, os radicais intensificaram uma campanha sangrenta que já causou mais de três mil mortos.

Ainda hoje, a Austrália anunciou que vai passar a incluir o Boko Haram no seio da lista de organizações terroristas.


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