BNA tem deixado moeda desvalorizar para compensar a quebra de receitas


O Banco Nacional de Angola (BNA) tem tido um papel preponderante ao deixar a moeda desvalorizar para compensar a quebra de receitas originada pela descida do preço do petróleo, e age também como regulador do sistema, segundo uma analista do BPI.

BNA

“Todo o processo é centralizado pelo BNA, que disponibiliza aos bancos as divisas através dos leilões, mas como o BNA tem menos dólares a entrar porque o petróleo está mais barato, também liberta menos dólares para os bancos”, disse Luísa Felino, que lembrou que, “como a procura por dólares é maior do que a oferta, existe uma lista de espera para os bancos pedirem a quantidade de reservas que querem”.

O número mais visível da crise cambial é talvez a desvalorização do kwanza face ao dólar, que já perdeu mais de 30% do valor desde o início do ano, mas onde se nota mais a situação é na falta de dólares em circulação e na escassez de alguns produtos nos supermercados, a par do aumento dos preços e das dificuldades em fazer pagamentos atempados ao exterior, o que implicou que muitos fornecedores já exijam o pagamento contra a entrega das mercadorias.

“Há a perceção de que existe escassez, e mesmo para as importações diretas de produtos de consumo final, existe essa perceção nos supermercados, as pessoas começam a sentir que certos produtos já não estão a ser disponibilizados”, apontou a analista do BPI responsável por Angola, sublinhando que que “a inflação [que prevê chegue aos 14% ainda este ano] resulta da desvalorização cambial e deste problema”.

A situação promete agravar-se na próxima segunda-feira, quando um banco sul-africano que disponibiliza reservas a alguns bancos angolanos deixar de fornecer dólares, de acordo com a agência Bloomberg, que cita fontes conhecedoras do processo.

Atualmente, o Banco Nacional de Angola já recomenda aos bancos que limitem os levantamentos dos clientes a mil dólares por semana, mas o BIC (o maior em número de balcões) e o BAI (o maior em ativos) têm limites mais generosos, apesar das dificuldades que também eles enfrentam.

AR/Lusa


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