Optar por clarear a pele é sofrer de complexo de inferioridade, explica historiador


O historiador e jornalista, Makuta Nkondo, diz que clarear a pele não é a única forma de rejeitar os valores e princípios de sua cultura, e apela ao Governo angolano para promover os valores ligados aos princípios Bantu.


Em Angola, fãs de cantores como, Francis Boy, Própria Lixa, Madruga Yoyo e Puto Português estão indignados com o fato de eles terem se submetido a um tratamento de branqueamento de pele.

A polêmica espalhou-se nas redes sociais, depois de terem sido publicadas fotografias dos músicos que revelam as suas cores de pele anteriores ao branqueamento e depois. Entre os músicos angolanos que teriam passado pelo tratamento, o mais criticado pela sociedade angolana foi o Puto Português. Porque ele publicou um vídeo onde aparece acompanhado do kudurista Francis Boy a dizer: “escuro não”.

As declarações, vistas como uma renúncia da cor negra, aumentaram o nível de revolta, principalmente dos fãs, que até queimaram discos do cantor como manifestação de revolta. A situação levou o músico a publicar um outro vídeo, em que diz: “Querem me crucificar por eu ter feito uma brincadeira [escuro não], que não fui eu que inventei. Foi um senhor num vídeo que ficou nas redes sociais sei lá por quanto tempo. Querem crucificar o Puto Português.” E as criticas e revolta so aumentaram, porque os fãs acharam que aquele não foi um pedido de desculpas por parte do cantor, tão pouco ele reconheceu o seu erro. Depois de mais críticas, o músico pediu desculpas públicas. Puto Português reconhece o exagero dos seus depoimentos e diz que não acreditava que o tom da pele fosse um fator de superioridade ou inferioridade.

Em declarações à DW África, o jornalista e historiador Makuta Nkondo associa o comportamento dos referidos músicos ao complexo de inferioridade.Ele lembrou que em 1965, o Presidente do então Zaire, Mobutu Sese Seko, já tinha proibido a prática de branqueamento para conservar a africanidade. “É o complexo que o negro tem em relação ao branco. Esse problema não se limita só em clarear a pele. Ele é negro com pensamento de branco. Há pessoas que não se dignam em visitar os bairros porque ele é chefe, é rico.”

Makuta Nkondo apela ao Governo angolano para promover os valores ligados aos princípios Bantu. O jornalista condena a atitude dos cantores e de outros cidadãos angolanos que rejeitam a negritude.

 

Fonte: DW Angola


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